A Câmara Municipal de Itapeva aprovou o Projeto de Lei#PraCegoVer, de autoria da vereadora Débora Marcondes, para que as publicações da Administração Pública sejam veiculadas com descrição da imagem para que haja compreensão da imagem das pessoas que utilizam mecanismo com áudio-descrição.
A Lei 4.566, promulgada no dia 17 de setembro de 2021, prevê a mudança para as publicações diretas e indiretas no site e redes sociais da Prefeitura, Secretarias Municipais, Câmara e demais órgãos públicos municipais.
De acordo com o texto da Lei, é necessário que as publicações tenham a legenda “#PraCegoVer”, contendo o anúncio do tipo de imagem, a descrição da esquerda para a direita, de cima para baixo, a ordem natural de escrita e leitura ocidental, a informação das cores, os elementos da foto, de modo a criar uma sequência lógica. Além disso, a imagem deverá ser descrita sem quaisquer julgamentos ou opiniões.
Em contato com a vereadora, Débora respondeu: “Foi aprovado Projeto de Lei número 127/2021, de minha autoria, o qual visa à disseminação da cultura da acessibilidade virtual nas redes sociais e sítios eletrônicos de toda Administração Pública Municipal Direta e Indireta possam narrar de modo pormenorizado as imagens de suas publicações em mídias sociais e sítios eletrônicos, para apreciação dos deficientes visuais. A referida descrição consiste em uma tradução para transformar imagens em palavras, obedecendo-se a critérios de acessibilidade, em respeito às características do público ao qual se destina. Mais uma grande conquista, a pessoa com deficiência em nossa cidade”.
SAIBA MAIS!
1. O que é #PraCegoVer?
É um projeto de disseminação da cultura da acessibilidade nas redes sociais e tem por princípio a Audiodescrição de imagens para apreciação das pessoas com deficiência visual. Foi idealizado pela professora baiana Patrícia Braille.
2. O que é Audiodescrição?
É uma tradução que consiste em transformar imagens em palavras, obedecendo a critérios de acessibilidade, respeitando as características do público a que se destina. É produzida, principalmente, para pessoas cegas, mas tem beneficiado outras como as com dislexia, deficiência intelectual ou com déficit de atenção, por exemplo.
3. Como os cegos conseguem ler as descrições de imagem no computador?
Atualmente, milhares de pessoas cegas usam o Facebook com auxílio de programas leitores de tela capazes de transformar em voz o conteúdo dos sites. Contudo, as imagens necessitam ser descritas, para que os leitores consigam transmiti-las às pessoas com deficiência visual.
4. Por que “#PraCegoVer”?
No Brasil existem cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 585 mil totalmente cegas. Essas pessoas comem, vestem, passeiam, usam o Facebook, assistem a programas de TV, consomem, vão ao dentista, ao pediatra, ao geriatra mas, pasme, são ignoradas por escolas, instituições, empresas, como se estivessem revestidas por um manto de invisibilidade.
#PraCegoVer carrega em si o princípio de que a cegueira às vezes está nos olhos de quem enxerga. Ele existe para o cego que não enxerga a imagem e para o vidente que não enxerga o cego. É uma provocação, um chamamento para as pessoas se enxergarem mais, saírem de suas zonas de conforto e perceberem que podem fazer acessibilidade, mesmo que seja uma breve descrição de uma imagem na internet.
5. Como você descreve as imagens? Dá umas dicas para iniciante.
A). Coloco a hashtag #PraCegoVer.
Anuncio o tipo de imagem: fotografia, cartum, tirinha, ilustração…
C). Começo a descrever da esquerda para a direita, de cima para baixo [a ordem natural de escrita e leitura ocidental]
D). Informo as cores: Fotografia em tons de cinza, em tons de sépia, em branco e preto [se a foto for colorida, não precisa informar “fotografia colorida”, porque você vai dizer as cores dos elementos da foto na descrição e a indicação ficará redundante. Se você já vai dizer que a moça está de casaco vermelho, ao lado de flores amarelas, não preciso dizer que a foto é colorida].
E). Descrevo todos os elementos de um determinado ponto da foto e só depois passo para o próximo ponto, criando uma sequência lógica.
F). Descrevo com períodos curtos [se posso falar com 3 palavras, não vou usar 5].
G). Gosto de começar pelos elementos menos importantes, contextualizando a cena, e vou afunilando até chegar ao clímax, no ponto chave da imagem.
H). Evite adjetivos. Se algo é lindo, feio, agradável a pessoa com deficiência é quem vai decidir, a partir da descrição feita. Capriche!
Informações retiradas da página do Projeto Pra Cego Ver no Facebook, clique na imagem para acessar!