A modelo itapevense Nataniele Ribeiro iniciou a sua carreira com apenas 13 anos, quando foi descoberta pelo fotógrafo Márcio Amaral, também natural de Itapeva, que na época era scouter, ou seja, que buscava modelos para as agências de São Paulo.Hoje, ela é reconhecida e faz muitos trabalhos pelo mundo, mas o início não foi fácil. Em entrevista exclusiva ao Ita News, Nataniele nos contou como foi o início da sua carreira até os dias atuais. Confira!
“O Márcio me viu saindo do tradicional Palace hotel, estava tendo uma pré-seleção de modelos, mas eu já tinha feito uma vez uma parecida e só gastei dinheiro que não tinha, quando começaram a falar de pagar book, desfile e tudo o mais, eu decidi que ia embora, porque seria igual da outra vez. Mas quando estava saindo, o Márcio me parou”, lembrou.
Nataliele estava acompanhada de uma tia e um primo, como era muito nova, sempre algum familiar a acompanhava. “Eu nunca me achei bonita para ser modelo ou coisa parecida. O Márcio pediu para que eu soltasse o meu cabelo e ficou me olhando. Então ele me deu um cartão e disse que queria falar com os meus pais e fazer umas fotos minhas e que não cobraria nada por isso”, acrescentou.
Ela lembra que depois dessa primeira conversa, foi para a sua casa, sua tia falou com os seus pais, explicou que seria de graça e então eles toparam conversar com o scouter e fazer a sessão de fotos. “Não demorou muito tempo e eu estava me mudando para a capital, minha mãe foi comigo para conhecer onde eu iria morar e acabei morando com o Márcio mesmo, inicialmente. Logo fui aprovada em uma agência e me mudei para um apartamento de modelos”.
Como nenhum começo é fácil, após quase dois meses, a agência dispensou a modelo, falando que ela era muito tímida, que não tinha evoluído e que não daria em nada. “Eu já estava morando em São Paulo, então decidi junto com Márcio que não voltaria para Itapeva por enquanto. Ele enviou minhas fotos para algumas outras agências que ele achou na internet, aí eu fui aprovada pela Next, de Paris“, contou.
Com apenas 14 anos Nataniele embarcou para Paris, sem saber falar inglês ou outra língua fora o Português. O Márcio a acompanhou, mas chegando lá ficou morando com outra pessoa um tempo.“Como eu era muito nova, era pra eu ficar apenas um mês trabalhando lá, mas acabei ficando trêsmeses diretos e logo depois me mandaram para o Japão sozinha, passei meu aniversário de 15 anos lá e fiquei mais três meses morando no Japão. Quando estava chegando a data de voltar embora, fui na minha agência receber o dinheiro dos meus trabalhos, mas falaram que eu não tinha nada pra receber, que todos os trabalhos que fiz, apenas consegui pagar minhas dívidas de apartamento e passagem, ou seja, fiquei seis meses longe de casatrabalhando e voltei sem dinheiro”, lembrou desse momento difícil que passou.
Depois da decepção, Nataniele voltou para Itapeva e disse para os seus pais que iria desistir disso tudo, que não valia a pena tanto sofrimento. Porém, o Márcio entrou em contato com ela pedindo para que ela tentasse mais uma viagem. “Fui para Nova York e foi o primeiro lugar que eu trabalhei e fiz dinheiro. Depois disso não parei mais. Tive dificuldades com agências para receber, tem que ficar cobrando o tempo todo e no começo eles “ajudam” quem está começando, com passagem, uma quantia por semana, pra comer e pegar metrô, passagens e tal, mas eles descontam tudo depois e com uma porcentagem a mais“, disse.
Além da distância de casa e as dificuldades com o exterior, lidar com sua própria aparência também era um problema para ela. “O corpo também era difícil pra mim, era uma criança quando comecei e depois meu corpo foi mudando, e começaram a me pedir para emagrecer cada vez mais e mais, já me cancelaram de trabalho por isso, me mandaram voltar pra casa e emagrecer, já fiz muita dieta doida. É um meio muito incerto, tem meses que trabalhava quase todos os dias e depois ficava 1 mês inteiro sem fazer nada, me cobrava demais, começava a pensar que não era boa o suficiente, e logo pegava um trabalho grande. São muito altos e baixos o tempo todo, mas conforme foi passando o tempo, eu fui aprendendo os lugares que eu trabalhava melhor, fui conseguindo uma independência financeira melhor e as coisas começaram a fluir”, explicou.
No momento, ela está morando em Miami e pretende ficar um tempo por lá, depois irá para Los Angeles fazer um curso de teatro e tentar também a televisão. “Quem sabe, né?”, contou rindo.
Para ela, o lado bom do trabalho como modelo é poder viajar pelo mundo, conhecer pessoas e culturas diferentes, aprender a se adaptar a tudo. “Éincrível, dá para fazer um dinheiro bom, sim, mas para quem for começar deve tomar cuidado, pesquisar as agências antes de aceitar qualquer viagem ou trabalho, porque tem muitas ofertas de muito dinheiro, e não é bem assim que funciona”, alertou.
Todos aqueles que sonham em seguir na carreira, segundo Nataniele, devem correr atrás e não desistir na primeira porta fechada. “Não desista, vá atrás, faça o que te deixa feliz, tenha o pé no chão, estude, estude línguas, cuide da sua saúde mental. Até hoje eu não sei explicar a sensação quando você pega uma revista e vê sua foto lá, faz tudo valer a pena. E quem tiver dúvidas, pode entrar em contato comigo que responderei com o maior prazer”, finalizou.
Nataniele está no instagram @nataniele.r