A senhora Sandra Silvano comovida com a situação de muitas pessoas que frequentam o AME e o hospital desde a madrugada, resolveu com a ajuda de doações servir todos os dias um café da manhã para essas pessoas que estão à espera de uma consulta médica no Espaço de Convivência. Há quatro anos Sandra faz esse trabalho voluntário sem a ajuda de nenhum órgão público. “Desde que foi construído esse lugar eu pedi autorização e comecei a fazer o café para o povo. Antes eu servia nas ruas, nas esquinas, aqui próximo”, disse.
No dia da entrevista, Sandra nos contou que 210 pessoas já haviam tomado naquele e que nas quintas-feiras o número chega a 400. “Todos os dias vêm bem mais de cem pessoas, e eu sirvo todos os dias, de segunda a sexta-feira”, completou.
De acordo com a idealizadora do projeto, o café solidário se mantém através de doações, porém eles não ganham leite, papel higiênico, copos descartáveis, colheres, gás, entre outros. “Temos aluguel também, porque alugamos uma casinha para fazer o café. Então temos um bazar para vender roupas a um preço bem baixo para cobrir esses gastos das coisas que não ganhamos”, enfatizou.
Sobre o motivo de ter iniciado o projeto, Sandra conta que foi ministração de Deus em seu coração. “É ministério. Deus ministrou para eu estar fazendo e eu cansei de ver o povo desmaiando aqui na frente de fome, tem gente que chega 4 horas da manhã. Então eu cansei de ver isso e lutei, lutei bastante para trazer alguma coisa. Como ninguém quis me ajudar, eu preferi começar sozinha”.
Além do café com leite, também é servido pão, bolacha e tudo o mais que é doado, além de uma sopa mais forte e um virado de feijão. “Eu só não trago mais porque a mão-de-obra é totalmente minha, então não dá para trazer mais tarde, por isso trago de manhã. Mas o povo come, às vezes guarda. Aquele que vai mais tarde embora, guarda. Nós temos um microondas para quem quiser esquentar. Temos um berço para as crianças ficarem deitadas, tem uma cadeira de rodas para socorremos quem passa mal, às vezes desmaiam, nós mesmo levamos na Santa Casa”, reforçou.
Ainda segundo Sandra, não há auxílio de nenhum órgão público. “A Prefeitura cedeu apenas o prédio, mas os alimentos, descartáveis, produtos de limpeza, enfim, nós que somos responsáveis por tudo”, salientou.
“Nós sobrevivemos de doações, não temos nenhuma ajuda grande, é tudo de pouco, mas o povo ajuda. Nós fazemos a parte espiritual também, temos a caixinha de oração, onde oramos todos os dias. Servimos os moradores de ruas também, damos roupas, alimentos, a nossa obra não é somente aqui, é fora também. Nós pagamos o pão todos os dias, são duzentos pães, a luta não é fácil, é dar a cara a tapa todos os dias, mas não é impossível, pois já fazem quase quatro anos e na verdade o nosso café é bom. Quando acaba o pão a gente tem torrada, acabou torrada tem uma bolacha, café com leite, chá, café, tem sopa, se ganhamos trigo fazemos bolo, pão, arroz doce, o que ganhamos trazemos aqui”, finalizou.
O café é aberto às 06h30 e segue até que todos terminem. Já o bazar fecha às 11h, retorna às 13h e segue até o fim da tarde.
O Espaço de Convivência fica em frente ao AME e, para quem deseja fazer doações, basta procurar o senhor Márcio Moraes no local, das 06h às 16h.