“A Câmara de Vereadores ao aprovar o Orçamento do Município, deveria estar mais atenta a estas demandas e priorizar mais no Orçamento Anual, o atendimento a exames, consultas, direcionando especificamente para isto, as verbas”, diz conselheira
Devido as diversas reclamações de itapevenses sobre o atendimento dos Postos de Saúde da cidade de Itapeva, a reportagem do IN conversou com a Conselheira Municipal da Saúde Marlene Maciel. Confira:
IN – Os Postos de Saúde atendem às necessidades da população?
Marlene – Como Conselheira da Saúde representando o Usuário Sus perante a sociedade, vou reafirmar que os recursos financeiros a investir sempre serão menores que as necessidades apresentadas. Houve em 2015 um corte no Orçamento da Saúde de 9 bilhões de reais e que foi recaindo para todos os serviços que recebiam repasses do Governo Federal. No nosso município, foram cortados muitos programas que eram repassados ao município, bem como repasses do Estado também. Mas as pessoas residem aqui, na cidade e os políticos parecem desconhecer este fato, quando assinam Leis para retirar verba da Saúde, já que está prevista na nossa Constituição.
IN – Em sua opinião, o que está faltando?
Marlene – Devido aos motivos explicados acima, o munícipio através da Câmara Municipal e da Secretaria da Saúde, deveriam fazer escolhas técnicas para suas ações. Sou a favor das Caravanas da Saúde, que em muito ajudavam a desafogar exames, consultas. Sabemos que tudo depende de dinheiro para se fazer e precisamos de mais médicos no município, mas temos a grande dificuldade de contratar pela distância dos grandes centros e até do valor que o município oferece e que acabam não sendo atrativos. Nós somos a 16ª Regional, mas na prática, não recebemos os louros disto. Penso que, se fôssemos de fato e de direito, os acessos a programas, seriam mais rápidos e eficientes. Como exemplo, os remédios do alto custo, são demorados, pois Itapeva faz o cadastro, que é enviado e avaliado por Sorocaba, pela DRS de lá e depois de um prazo volta a Itapeva, aprovado ou negado.
IN – A Saúde, no geral, como está?
Marlene – O Programa Mais Médicos foi encerrado pelo Governo Federal. Em um município como Itapeva que recebia 3 médicos pelo programa, já imaginou quando estes findarem o contrato? E na Conferência Regional de Saúde em que estivemos, podemos ver que a Judicialização da Saúde, é outro problema gravíssimo, onde temos a ordem judicial pela Justiça para que se cumpra o fornecimento de remédios e procedimentos que são muito caros, passando à frente de quem já aguarda. Os critérios adotados ferem o princípio da equidade no sentido de que se tira recurso público para atender uma pessoa. Mas ao mesmo tempo, o usuário tem o direito garantido por Lei, que também não pode ficar desassistido sem exames e remédios. E neste momento, temos este grande impasse que gera alto custo da saúde e ainda pior, como é em regime de emergência, é dispensada a licitação de forma normal e é comprado direto. Este é um dos problemas atuais mais graves que ataca a Saúde Pública do país.
IN – A mudança de horário estendido de alguns postos está ajudando a população?
Marlene – A mudança do horário de atendimento até as 21h, foi uma das pautas apresentadas em 2017 pelos conselheiros participantes da Conferência Municipal de Itapeva, realizada como uma possível solução de atendimentos para a população. Acredito que está em processo de implantação e adequação, mas é algo que ajuda muito, pois vem atender às pessoas que não podem ir no horário normal. Temos uma demanda grande de pacientes e há muitas reclamações sobre pessoas que não conseguem ser atendidas. Infelizmente, temos sim, uma demanda alta. E a Câmara de Vereadores ao aprovar o Orçamento do Município, deveria estar mais atenta a estas demandas e priorizar mais no Orçamento Anual, o atendimento a exames, consultas, direcionando especificamente para isto, as verbas.
IN – Suas considerações finais.
Marlene – Pensando em Saúde Pública, que é um direito a todo cidadão e que este deve ser atendido em sua necessidade, vemos que os recursos previstos em Lei sempre serão menores do que a realidade, pois haverá doenças novas, para medicações e exames que ainda nem foram pensados. Sabendo disto, o sonho nosso é que a Prevenção às Doenças, fosse uma realidade. Uma rede de esgoto adequada, um lixo adequado, uma rede com multiprofissionais adequados e com recursos financeiros adequados. Mas quando olhamos, vemos muitos profissionais da área dedicados e frustrados às vezes, pois nem sempre é possível ter acesso aquela medicação top, exames ultra modernos. Defendo os profissionais, pois a saúde muitas das vezes, é feita na unha por eles. E as gestões administrativas e políticas, deveriam nunca esquecer disto. E eu como usuária e defensora SUS, sonho em ver uma saúde pública com mais recursos e mais tecnologias.