A reportagem do Ita News conversou com o médico, Roberto Abud, sobre a pandemia a Covid-19.
Dr. Abud, como é conhecido, é especialista em infectologia, clínica médica e medicina de urgência, pós-graduado em saúde pública, diretor regional de saúde ERSA 38 de 27/02/87 a 1995, médico da Vigilância Epidemiológica GVE XXXII Itapeva, presidente da Comissão de Controle de InfecçãoHospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Itapeva e do Hospital da Unimed, Sócio Fundador e Diretor Presidente da Associação para o Desenvolvimento Social ADS 1990 a 2004, voluntário até a presente data, sobre a Covid-19.
Na oportunidade, Dr. Abud declarou:
“É uma guerra, momento de união”!
Histórico
Essa doença que teve início no final de 2019, na cidade de Wuhan na China e em pouco tempo se espalhou pelos cinco continentes, obrigando a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde em março de 2020.
A doença entrou no Brasil, muito provavelmente por São Paulo e propagou-se de forma heterogênea pelo Brasil. Em algumas capitais e Estados de uma forma mais intensa que em outros.
A experiência adquirida inicialmente nos Estados Unidos e principalmente na Europa proporcionou ao Brasil iniciar o manejo dos pacientes com pouco mais sucesso ao aproveitar essa experiência. E desenvolvendo nossa própria experiência em serviços por todo país, também melhorou esse resultado.
Variantes
Desde o início da pandemia as variantes foram ocorrendo. Já em abril de 2020 identificou-se mutações na Itália e em outros países da Europa. Centenas de variantes ocorreram ao longo de 2020 (mais de 800) e continuam ocorrendo.
Essas variantes podem ser mais ou menos agressivas, no sentido de maior ou menor transmissibilidade, letalidade, resistência ao meio ambiente e outras propriedades que o vírus possa desenvolver.
Quanto maior o número de infectados maior a possibilidades de variantes, essa situação hoje no Brasil é motivo de preocupação para o mundo inteiro!
Vacinas
São responsáveis pela erradicação de várias doenças e por salvar milhares de vidas desde sua implantação há décadas.
Assim que o vírus foi identificado no início de 2020 cientistas iniciaram o desenvolvimento de vacinas. Que resultou em várias delas que estão sendo utilizadas no mundo inteiro.
Tratamento
Não existe tratamento profilático para esta doença, ou seja, não existe remédio que proteja de adquirirmos a doença, ao menos até o presente.
Não existe tratamento precoce específico para esta doença, ou seja, nenhum remédio como hidroxicloroquina, invermectina ou outro qualquer é eficaz contra este vírus.
Os casos leves, devem ser tratados com sintomáticos, antitérmicos, analgésicos, descongestionantes nasais e sempre boa hidratação.
Os casos moderados e graves são tratados de acordo com a necessidade individualmente.
Fatores de risco- inicialmente os grupos de risco limitavam-se a pessoas idosas com mais de 60 anos e pessoas com comorbidades como diabetes, hipertensão etc.
Gestantes também passaram a fazer parte do grupo de risco, devido a ter sido observado maior índice de agravamento da doença neste grupo, assim como desfechos obstétricos adversos como trabalho de parto prematuro, tromboembolismo, óbito fetal intrauterino e óbito neonatal em Unidades de terapia intensiva de neonatologia. Importante afastar a gestante do contato direto com o público.
Atualmente observa-se uma mudança no padrão dos casos graves que antes acometiam idosos com comorbidades. Agora jovens saudáveis sem comorbidades estão sendo infectados e desenvolvem a forma grave da doença, inclusive indo a óbito.
Infelizmente o cenário da nossa região não é diferente. Santa Casa de Itapeva está trabalhando com sua capacidade máxima no limite, assim como os hospitais da região. Significa que muitos casos que poderiam ser internados e obter melhora sem precisar de terapia intensiva acabam agravando sem internação e muitas vezes evoluindo para óbito. De modo que, além da pandemia em si, tragédias familiares estão ocorrendo todos os dias.
Guerra:
Enaltecer aqui todos que estão nessa guerra: porteiros, recepcionistas, faxineiros, cozinheiro, copistas, atendentes, enfermeiros e médico de todos os serviços, postos de saúde, Upa, Resgate, Samu, Pronto Socorro, Maternidade, Pediatria, enfermaria e Uti Covid. Entre outros que indiretamente estão no front da batalha como por exemplo no transporte de pacientes oncológicos e renais crônicos.
Além das prefeituras, da administração da Santa Casa, Secretarias Municipais de saúde, equipes de vigilância epidemiológica municipais e estaduais, da qual faço parte (GVE-32 Itapeva).
Agora o problema é a presença da pandemia maciçamente em todo o país, levando à saturação dos serviços particulares, filantrópicos e públicos. Consequentemente, além da falta de leitos elevando o número de óbitos, há falta também de insumos e medicamentos. Isso tudo agravando ainda mais a situação. COLAPSO!
Comércio
Extremamente desafiador sabemos, das dificuldades e dos prejuízos que o empresariado está enfrentando com perdas econômicas e consequentemente para toda a comunidade. Contudo, a única arma para conter a disseminação desse vírus é interromper a circulação de pessoas, lockdown. Indiscutivelmente isso se provou eficaz mundo afora. Lembrem-se é uma GUERRA!
Perspectiva
Infelizmente pouca mudança ocorrerá neste cenário, podendo até piorar, neste ano e ao menos até início de 2022, se não houver uma intensificação maciça da vacinação!
Máscara, lavagem de mãos, álcool gel álcool e distanciamento social são fundamentais para a prevenção da doença. Lembrando que mesmo as pessoas que foram vacinadas devem continuar com a prática das medidas acima.
Dr. Roberto Luiz Abud
(Escrito no dia 21 de março de 2021)