Na jornada da maternidade, somos envolvidas por uma sinfonia de momentos que nos transformam, nos transcendem, nos elevam ao âmago da existência. É como se cada batida do coração, cada suspiro, cada sorriso e cada lágrima fossem melodias entrelaçadas em um poema etéreo, onde a vida é a própria poesia e a mãe é sua fiel guardiã.
Há uma beleza singular em sentir a barriga crescer, como se dentro de nós florescesse um jardim de promessas, de sonhos, de amor em estado bruto. Os chutinhos, suaves danças do ser que germinou em nós, ecoam como notas românticas, acordes que nos conectam a esse mistério sagrado da criação. Porém é nos braços que a maternidade se consuma, onde o amor se materializa em carne e osso, onde a magia se funde com a realidade. É quando recebemos o filho, seja através do parto ou da adoção, que nos tornamos mães por completo. Nosso lar se transforma em santuário, onde cuidamos da vida com zelo, dedicação e uma devoção inabalável.
A mãe é arquiteta do amanhã, tecendo os fios do destino com mãos firmes e coração compassivo. Ela pensa à frente, antecipa as necessidades, protege com um olhar que penetra além da superfície. Manda levar a blusa, o lanchinho, o guarda-chuva, pede para não pular por cautela, avisa dos cuidados da droga, da segurança como um mantra repetindo e repetindo, tudo por amor num instinto ancestral de preservação.
Ela é o acento quando a tosse ataca, os sopros no ralado, não dorme enquanto a febre não passa, enquanto o filho não retorna são e salvo da noite lá fora, o abraço no choro sofrido, no coração partido, o livro na prova de recuperação e a palavra confortante na rejeição dos amigos. Ela tem a magia de afastar os medos e os pesadelos.
É a pessoa que vibra mais que o filho nas conquistas, seja na formatura, no primeiro emprego, na compra do carro ou da bicicleta, no primeiro passo, na primeira palavra lida na placa de trânsito, ela nem sabe mais se a alegria é dela ou do filho fica muito entrelaçado. Assim como é a que mais sofre com as quedas, com as lágrimas, com as decepções, no dia da dor de barriga ou do diagnóstico não desejado. Sua alma murcha e some, fica procurando Deus com toda sua garra, e se transforma na maior Super Herói que as histórias poderiam contar. Dói no filho sangra na mãe.
De tudo que tenho aprendido nesta jornada de ser mãe é que é divino, uma doação etérea, um amor no íntimo da palavra, é um amor imensurável, que mesmo em sua grandiosidade, é apenas um eco, pálido reflexo do amor imensurável de Deus por nós.
Seja a mãe que fica em casa para cuidar ou aquela que sai para trabalhar em busca de sustento. Ela é o compasso do lar, a alma que molda sonhos nas horas mais silenciosas da noite. Mãe, manhê, mamãe, Mã, as palavras mais repetidas na vida, mas se colocar o ouvido bem pertinho, você perceberá que na verdade é o cântico de gratidão que Deus entoa para aquelas que o ajudam a deixar a terra com o gosto do seu amor!
Por Priscila Roel
Professora e mãe da Maria e da Cecília