Robson Jesus Ribeiro, 25 anos, é natural de Ribeirão Branco, cidade onde morou até 2012. Nasceu em uma família simples que sempre viveu de atividades agrícolas, especialmente a produção de tomates. Com poucos recursos financeiros após o término do ensino médio em uma escola pública no Distrito de Itaboa prestou diversos vestibulares em diferentes universidades públicas, na medida em que os resultados saiam o sonho ia ficando para trás, pois faltavam recursos para ir fazer a matrícula.
O último resultado a sair foi do vestibular para o curso de Serviço Social na UNESP na cidade de Franca, o resultado saiu em dezembro e as aulas começavam em meados de abril, com isso o jovem precisaria ir fazer a matrícula e voltar para a casa pois não tinha recursos para ficar aguardando o início das aulas. Diante disso o pai ofereceu o dinheiro que tinha R$ 200, único disponível, pois ele estava desempregado.
Robson não pensou duas vezes, arrumou suas coisas e seguiu em busca de seus sonhos. “Eu não pensei muito, peguei todas minhas coisas, coloquei em uma mala enorme e fui para Itapeva, onde eu buscaria saber como chegaria em Franca, na época não tínhamos acesso de internet e eu precisava buscar as informações direto nos locais, eu não tinha aparelho celular para me comunicar com meus pais e nem dinheiro suficiente para pagar um local para ficar, porém nem pensei nisso, eu queria ir atrás do meu sonho”, contou.
Já em Franca, em sua primeira referência na cidade grande, foi direcionado para a moradia estudantil. “Eu nem imaginava que existia, pois a falta de internet repercutiu na ausência de informações. Porém, cheguei três meses antes do início das aulas, isso demandaria diversos custos. No dia seguinte eu saí pedindo emprego em todos os lugares possíveis”, acrescentou.
Antes de colar grau, Robson contratado por uma ONG em São Paulo e novamente repetiu o processo de mudança radical, época em que publicou um livro chamado “Os amargos Frutos do Trabalho Brutal: Agrotóxicos e Saúde do Trabalhador”, o qual abriu diversas portas em sua vida e inclusive teve acesso a recursos públicos para realizar a pesquisa que originou na obra e esses recursos auxiliaram em sua permanência na faculdade.
De Ribeirão Branco com aproximadamente 18 mil habitantes pra São Paulo, a maior cidade da América Latina com mais de 12 milhões de habitantes e com os diversos desafios de uma megalópole. “No começo eu tinha medo de pegar ônibus, pois a TV falava que a cidade era muito perigosa”, comentou. “Em São Paulo realizei uma especialização e um mestrado em desenvolvimento territorial, novamente tendo a região de Itapeva como foco de estudo. No trabalho atual o tema principal foi às elevadas taxas de mortalidade infantil e as conexões com o trabalho em lavouras e a vulnerabilidade social que a região presencia”, completou.
Após uma trajetória em Organizações Não Governamentais, aos 25 anos ocupa um cargo de gestão da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo. “O convite foi uma surpresa e se deu devido a minha trajetória voltada a área social. É importante contar essas trajetórias de vida para servir de inspiração para muitos jovens que não enxergam seu próprio potencial e a capacidade de se tornarem agentes de mudanças, inclusive nas políticas públicas”, finalizou.