Na última semana, a reportagem do IN esteve nas dependências da entidade Mãe da Vida e conversou com o seu presidente Benedito Gimenez, que está na entidade há 16 anos e como presidente há 15 anos. No próximo mês de abril a Mãe da Vida estará completando 18 anos de existência e de serviços prestados a comunidade de Itapeva e região no tratamento de dependentes químicos. Confira a entrevista:
IN – Quando foi fundada a Mãe da Vida?
Benedito – Na verdade, ela foi fundada no mês de fevereiro, mas a certidão de nascimento, que é o CNPJ de uma empresa, saiu em 04 de abril de 2000 e consequentemente ela está completando agora a sua maioridade. A Mãe da Vida começou com o Ednelson Bueno da Luz que fundou a primeira comunidade, ele plantou a semente e agora nos próximos dias a gente vai completar os 18 anos.
IN – Hoje quantos internos tem a Mãe da Vida?
Benedito – A Mãe da Vida hoje está com mais de 100 internos, tem 81 na área masculina e 23 na área feminina, somando um total de 104 internos na comunidade. Eu tenho que destacar que mais da metade desses internos que estão aqui são oriundos de Itapeva e que graças a Deus eles estão em uma comunidade, sendo bem tratados, e se não fosse isto eles estariam perdidos na rua.
IN – Como é o trabalho da Mãe da Vida?
Benedito – O trabalho da Mãe da Vida começou meio complicado e difícil, com poucos internos, e a medida que a entidade foi crescendo, nós fomos mudando nossos métodos. Hoje a Mãe da Vida tem um corpo de funcionário de 30 pessoas, só no corpo técnico nós temos várias pessoas, entre elas um médico, hoje psiquiatra responsável pelo tratamento dos nossos acolhidos, temos duas psicólogas, três assistentes sociais, uma terapêutica ocupacional. Enfim, na parte técnica estamos muito bem assessorados, na parte de atendimento aos acolhidos temos mais de 20 pessoas trabalhando, pois existe uma necessidade para isso, como trabalhamos 24 horas todos os dias do mês e ano, são necessários os três turnos e consequentemente uma gama de funcionários se faz necessária para que seja mantido um bom atendimento.
IN – Hoje é difícil recuperar um jovem dos vícios?
Benedito – Se eu disser que é fácil eu estaria mentindo, tudo depende muito do dependente químico, a primeira coisa necessária é que ele deseje tratamento, se ele não desejar o tratamento ele tem que ir para uma clínica onde vai ser vigiado por seguranças, agora aqui não, pois aqui os portões são abertos e ele fica tranquilamente na comunidade por sua vontade, a necessidade é o convencimento, que ele seja convencido que é o melhor para ele, mas é difícil, porque o dependente químico nunca vai ter uma cura, não é como nós que vamos fazer uma operação do coração e já estamos curados, agora o dependente químico não, ele vai viver até o fim de seus dias com a doença, o que ele pode fazer é deixar a droga e procurar viver cada dia, e à medida que ele vai vivendo a cada dia e ele vai se recuperando, mas mesmo assim, o Ednelson é coordenador nosso que criou a Mãe da Vida, um dependente químico, o filho dele é meu querido assistente geral da comunidade também foi um dependente químico, hoje eles são dependente químicos que estão em recuperação, que estão cuidados daqueles que precisam der tratados.
IN – Como é para o senhor ser presidente há 15 anos e ver a Mãe da Vida completando 18 anos?
Benedito – Eu estou na Mãe da Vida há 16 anos e 15 anos como presidente. Quando cheguei aqui foi em um momento de sofrimento porque tinha perdido um filho e desejava de todas as formas fazer alguma coisa que talvez eu não tivesse feito como pai de família. Para a comunidade e para mim a Mãe da Vida se tornou uma segunda casa. A diretoria é composta de 20 pessoas, eu tenho dois vice-presidentes, que são o Sr. Leoni e a dona Neire, e nós todos da diretoria em momento algum recebemos um centavo de pagamento, o nosso trabalho é totalmente voluntário, para a minha grande alegria como sou espírita e que acredito como as outras religiões que acreditam, nós temos um recebimento e talvez um pagamento, eu sei que esses anos que estamos passando aqui está sendo muito bom para a minha alma, a gente vai se aperfeiçoando e não é só para isso, para simplesmente receber, traz uma paz de espírito muito grande trabalhar com dependentes.
IN – O que mantém a Mãe da Vida hoje?
Benedito – Então eu tenho que fazer um agradecimento muito especial para o prefeito de Itapeva Luiz Cavani, no início nós estávamos em uma penúria total e ele criou um convênio para a gente em um valor pequeno e que a gente começou a se sustentar, isso foi há mais de 12 anos, posteriormente nós fomos trabalhando e algumas famílias nos ajudaram. E eu posso garantir que não tem na Mãe da Vida, nesses mais de 100 dependentes químicos que estão aqui residindo, nenhuma família que traga dinheiro para pagar a sua estadia. Na Mãe da Vida tudo é sustentado com a ajuda dos convênios, no Lar Vicentino lá estão os velhinhos que todo mundo ajuda, é um pouco mais difícil para os dependentes, principalmente o convênio de Itapeva que nos ajudou e convênios com o Estado e consequentemente nós vamos vivendo aqui com dificuldade, com penúria, mas com muita boa vontade, uma comunidade terapêutica é diferente de uma outra instituição, quando você pede ajuda é para o dependente químico.
IN – O senhor teria mais alguma coisa para acrescentar?
Benedito – Sim. A Prefeitura de Itapeva e as prefeituras vizinhas que tiverem dependente químico que quiserem o tratamento, nós ainda temos algumas vagas e podemos recebê-lo, o importante, em primeiro lugar, é a pergunta “você quer o tratamento?”. Se quiser a Mãe da Vida de alguma forma vai providenciar para você.
– Na oportunidade o presidente da Mãe da Vida pediu para o fundador da entidade expressar o seu sentimento nesses 18 anos da entidade, onde o Sr. Ednelson Bueno da Luz agradece a Deus pelas vitórias e faz um convite a toda população.
Ednelson – Primeiramente agradecer a Deus, pois é uma vitória e para toda a população de Itapeva e também agradecer todas as administrações que durante esses 18 anos ajudaram a cuidar da Mãe da Vida. Quem quiser conhecer a Mãe da Vida nós estaremos oferecendo um almoço no segundo domingo no mês de março, então está feito o convite aí para todos, é gratuito.