Polícia Civil de Itapeva (SP) passou a investigar suposto esquema de estelionato após uma moradora registrar um boletim de ocorrência contra a organizadora de concursos.
Com a promessa de um evento em um castelo, serviços de buffet e até a cobertura de uma emissora de televisão, dezenas de mães foram atraídas para um concurso de beleza infantojuvenil, que seria realizado em Vinhedo (SP). No entanto, o que era para ser um dia “conto de fadas”, virou caso de polícia.
Depois de ser adiado por duas vezes, o concurso promovido pela “Conceito Produção” foi feito em um clube de Campinas (SP), é o que relata algumas mães que procuraram a Polícia Civil para denunciar a empresa.
“Ela prometeu um castelo. Minha pequena ficou na expectativa. Tinha alugado o vestido, mobilizado doações pra pagar a viagem, quando ela cancelou o evento. Alegou um infarto. Depois, falou de um problema com a locação e mudaria o local. Não imaginei que fosse tão ruim. Ela prometeu buffet, coisa fina, mas serviu pão com frios. Não tinha televisão, não tinha DJ, não tinha camarim. Só sobrou a decepção. Ela brincou com nossos sonhos”, relatou Fabiana Fernandes, moradora de Itapeva (SP) que inscreveu a filha de três anos para participar do evento.
A mãe da participante contou ao g1 que, diante da situação, passou a gravar trechos do evento para apresentar às autoridades policiais, mas foi interrompida por uma das organizadoras.
Em uma gravação, é possível ouvir uma mulher dizendo: “Ninguém é obrigado a estar aqui. Ninguém está preso. Porém, quem usar a imagem do evento – que é particular – vai ser processado”.
“Não duvidei porque ela tem lábia. Soube do concurso pelo Facebook. Inscrevi minha filha e, em horas, saiu a classificação. Paguei R$ 250 na inscrição e mais R$ 400 nas entradas do evento. Pra muitos, não é um valor alto, mas pra mim faz muita diferença. O que mais me revolta não é o valor, mas a destruição de um sonho, que não tem preço”, lamentou Valdirene, mãe de outra competidora.
Apesar da empresa oferecer valores abaixo dos praticados no mercado, as vítimas afirmaram ao g1 que não desconfiaram, já que a produtora mantém páginas ativas nas redes sociais e havia encaminhado contratos – não assinados pelas envolvidos – descrevendo os serviços que seriam prestados.
Além disso, segundo as denunciantes, a Conceito Eventos chegou a afirmar que mantinha parcerias com empresas já conceituadas no mercado, entre elas, uma emissora de televisão.
“Suspeitei, mas não queria acreditar. Uma das mães até descobriu que a administração do castelo não sabia sobre o tal concurso. Depois, vieram os adiamentos. Me sinto envergonhada pela demora de cair a ficha. Mesmo não indo no evento, eu já havia sido prejudicada. Paguei os valores e ela está usando a imagem da minha filha. Alguém tem que parar ela”, completou a Jaqueline Cardoso, morador de Chapadão do Sul (MS), que também registrou um boletim de ocorrência contra a organizadora do concurso.
A Polícia Civil de Itapeva (SP) informou que está ciente das denúncias e que segue investigando o caso como possível crime de estelionato.
Questionada sobre as denúncias, a Conceito Eventos afirmou que as denúncias são equivocadas e criadas por um grupo de mães que tentam lucrar, já que a maioria nem havia pago a inscrição.
A responsável pela empresa também alegou que sofreu um infarto e que, por isso, o evento foi adiado por duas vezes. Ela afirmou ainda que o “Castelo dos Vinhais” não teria aceito o pagamento em cheque e que, por vontade própria, suspendeu a negociação.
“Tudo, do início ao fim, foi sempre conversado com os pais (…) A emissora não fez parcerias. Até onde sei, isso nunca foi dito, só conferir no Instagram. O que existe são negociações com horários em afiliadas para um programa simples, fácil e óbvio”, completou a Conceito Eventos.
Em nota, a emissora informou que não possui relação contratual com a empresa ou participação em eventos promovidos por ela.
Ressaltou, inclusive, que a responsável utilizou a imagem da emissora de forma indevida.
O g1 também procurou a administração do castelo citado como possível parceiro da empresa denunciada, mas ainda não obteve retorno.
(Texto por Rafaela Zen / portal g1 – Imagem arquivo pessoal da entrevistada)