São Paulo, 18 de fevereiro de 2020 – Os casos de dengue dispararam neste início de 2020. Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, até a quarta semana deste ano (25/01), foram contabilizados 57.485 casos prováveis da doença em todo o país – a estimativa é que este número já chegue próximo dos 100 mil, somando os dados das secretarias de saúde dos municípios e estados.
Se os dados forem confirmados, teremos um aumento de 71% em relação ao primeiro bimestre de 2019. Para a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, Glaucia Fernanda Varkulja, do Hospital Santa Catarina, estamos próximos a um novo surto de dengue, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste. “A incidência é relativamente cíclica, e para 2020 já esperávamos um comportamento mais agressivo”, afirma.
A dengue é transmitida apenas pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (assim como a zika e chikungunya). Quando esse mosquito pica alguém contaminado com o vírus, passa a carregá-lo por toda a sua vida e transmiti-lo para as outras pessoas que venha a picar. Porém, mesmo infectado, o mosquito só se torna infectivo (apto a disseminar o vírus) entre 10 e 12 dias, após se alimentar com o sangue de alguém infectado.
A fêmea precisa do sangue humano para amadurecer seus ovos; e para reprodução, deposita seus ovos em ambiente aquático (para eclodir e se desenvolver aos estágios de larva, pupa e, finalmente, mosquito). Quanto maior a longevidade desse grupo de mosquitos, maior a chance de termos elementos infectivos.
As altas temperaturas e grande incidência de chuvas do verão ajudam na proliferação do Aedes. “Calor, chuvas e água parada tornam o ambiente propício para a formação de criadouros do mosquito”, explica Glaucia.
Apesar das quantidades de casos de chikungunya (3.439) e zika (242) serem parecidas com as do último ano, ela alerta que a possibilidade de aumento nas incidências dessas outras doenças não pode ser descartada. “Como o vetor já está circulando e o mesmo mosquito é o responsável pela transmissão, então o risco existe. Em 2019, foram mais de 300 casos confirmados de chikungunya, e mais de 70 de zika, somente no Estado de São Paulo”.
Segundo a especialista, o sorotipo do vírus que está em circulação é o tipo 2, o que aumenta a chance de evolução de casos mais graves, por conta de resposta imunológica não específica. “São quatro sorotipos que causam a doença, e as pessoas são imunologicamente vulneráveis a todos. Mas quando se tem doença por um sorotipo, a resposta imunológica (de proteção) à doença é específica, não protege dos demais”.
Os quatro tipos do vírus da dengue são os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Cada pessoa pode ter os quatro sorotipos da doença, mas a infecção por um deles gera imunidade permanente a ele e temporária contra os demais. Os casos mais graves, associados a qualquer um dos sorotipos, podem ocasionar a dengue hemorrágica, que é quando a coagulação sanguínea do paciente sofre alterações drásticas, o que pode levar a óbito.
Prevenção
A infectologista destaca que prevenir-se é a melhor forma de combate à dengue. Medidas simples, como substituir a água dos pratos de vasos por areia; manter as caixas d´água tampadas; cobrir reservatórios de água e piscinas; e não deixar expostos materiais que possam acumular água (garrafas, latas e pneus, entre outros) ajudam toda a vizinhança.
Para o uso pessoal, ela indica repelentes à base de DEET, icaridina e IR 3535, e evitar a exposição em horário de atividade da fêmea do mosquito (os hábitos são diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer).
“As pessoas devem estar atentas aos sintomas da dengue – febre, náuseas, vômitos, vermelhidão ou manchas pelo corpo, dores na cabeça, atrás dos olhos ou no corpo. Se sentir isso, procure o serviço médico, e siga as orientações, beba bastante líquidos, repouse, e não tome remédios sem prescrição médica”.
Fonte: Hospital Santa Catarina