Lamentavelmente, notícias sobre fraudes e desvios financeiros já viraram clichê no nosso país, e não importa se foram praticadas por políticos, empresários, servidores ou colaboradores, não causam mais espanto como antigamente, é senso comum, afinal, quem nunca ouviu alguém se referir a um criminoso com a frase “foi esperto”, ou, “se deu bem”, como se a desonestidade fosse um adjetivo honroso?! É triste a afirmativa, mas existem muitas pessoas no Brasil com esse tipo de pensamento.
Vulneravelmente nesse contexto, a grande maioria das empresas, principalmente as de origens familiares, continuam a realizar suas operações com base na confiança, sem se preocupar em estruturar um processo de controle que se possa auditar as transações, acompanhar os registros e garantir a salvaguarda dos ativos. Utilizando como “antolhos” a famosa frase “comigo não acontece”, essas empresas seguem operando até serem “surpreendidas”, momento este em que normalmente é tarde demais para se fazer alguma coisa.
Fundamentando essa tese, o relatório de 2020 da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners), que é a maior organização antifraude do mundo (disponível em www.acfe.com), apontou que nos casos de fraudes na América Latina, 20% foram praticadas por Proprietários e Executivos, 30% por Empregados, 46% por Gerentes e 4% demais envolvidos. Curioso observar que o maior índice de ocorrência (46%), são justamente com os níveis de gerência das organizações, ou seja, os cargos de confiança nas empresas.
Com base no aludido, para esclarecer o papel do controle interno como prevenção de fraudes e erros, faz-se oportuno descrever a definição do termo “Controle Interno”, conforme segue: “Processo conduzido pelo conselho de administração, pela administração e pelo corpo de empregados de uma organização, com a finalidade de possibilitar uma garantia razoável quanto à realização dos objetivos nas seguintes categorias: Eficácia e eficiência das operações; Confiabilidade das demonstrações financeiras; Conformidade com leis e regulamentos cabíveis” (Committee of SponsoringOrganizations of the Treadway Commission – COSO).
Quanto a aplicabilidade e validação dos controles, convém destacar a metodologia utilizada pelas maiores empresas de auditoria do mundo, o “Test of Design” (TOD), que visa verificar se os controles internos desenvolvidos pelasempresas realmente são efetivos, ou seja, se cumpre com o seu propósito. O modelo é operacionalizado através do desenho dos processos da organização, visando sempre identificar os riscos de erros e fraudes (pontos-de-controles) atrelados a cada fase da operação, confrontandosimultaneamente as evidências dos controles utilizados para mitigar os referidos riscos identificados. Após a finalização do desenho dos processos, os riscos encontrados são compilados em uma matriz de riscos (por departamento), e amarrados com a matriz de controles, que será o objeto dos testes da auditoria interna, realizados tempestivamente na empresa.
Para exemplificar a metodologia TOD, podemos imaginar a seguinte situação (hipótese): Se as compras só podem ser realizadas com a aprovação do gerente do departamento de compras, a assinatura (aprovação) do gerente nos pedidosde compras, é a evidência primordial para validar o controle interno dessa operação, cobrindo o risco de “compras realizadas sem a devida autorização”. Periodicamente, a auditoria interna realizará a seleção (amostragem) dos pedidos de compras realizados em um determinado período, para verificar se realmente todas essas operações foram devidamente aprovadas pelo gerente do departamento.
Por epílogo, não é preciso esforço para entender que asempresas que operam escoradas na confiança, estão fadadas ao fracasso, da mesma forma que a estrutura organizacional é a base para todo o crescimento operacional. Como normalmente as reestruturaçõespreventivas são mais econômicas do que a corretivas, procure o quanto antes a orientação de um especialista naárea!
Tiago Mattos é CEO da Conceito Contábil e Tutor do Curso de Ciências Contábeis da Anhanguera Itapeva, com MBA em Auditoria Integral pela UFPR, atuou em grandes empresas nacionais e multinacionais como Auditor da KPMG e Ernst & Young (conhecidas por Big Four). Com 18 anos de experiência em contabilidade de Lucro Real/Presumido/Simples Nacional, oferece seus serviços nos seguintes contatos: (15) 3522-5774 – Whatsapp (15) 99677-7886 – email: [email protected], ou diretamente na Rua Teófilo David Muzel, 179 – Vila Ophélia – Itapeva SP (em frente ao INSS). Disponível para acesso também através do site www.conceitocontabil.org.