Sonhos, insistência e realização: talvez possamos classificar assim a história de um ilustre itapevense que há anos se destaca no cenário do jornalismo esportivo no Brasil.
Vinicius Nicoletti, de 44 anos, ou simplesmente “Gaiteiro” como é mais conhecido na cidade natal, saiu da “terrinha” para se destacar no mundo esportivo em coberturas jornalísticas e participar de momento importantes da história do esporte, muitas vezes sendo testemunha ocular desses acontecimentos.
Recentemente, a última conquista e realização deum de seus sonhos foi participar da entrega na premiação “Bola de Prata”, que homenageia os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro. Em entrevista exclusiva, Vinicius falou sobre sua carreira e deixou sua mensagem aos seus conterrâneos. Confira:
IN- Como iniciou sua paixão pelo jornalismo e quando decidiu que gostaria de seguir no esportivo?
Vinicius- A história é a seguinte, eu nasci em Itapeva, jogava bola aí no Quirino. Sempre joguei futebol, até com a família Carli, eu gostava de comprar revista esportiva, a Placar, na verdade para colecionar jogo de botão que tinha na contracapa. E gostava também de ler revista, jornal. Quando eu fui chegando perto da faculdade, já sabia que não ia ser jogador, porque eu levava o futebol mais como lazer mesmo, como um esporte que eu gostava de praticar. E aí eu fui falando que queria fazer isso, trabalhar com futebol, ser jornalista, fui colocando isso na minha cabeça. Então eu fiz a faculdade pensando já em ser jornalista esportivo. Claro que é só uma ideia assim, muito vaga para quem mora em Itapeva, quem está aí, não sabe direito como vai chegar até o final, mas tudo começou ali pela minha paixão ao futebol, depois por ser curioso, por ler bastante, a revista, o jornal, sempre lia coisas de esporte. Ouvia muito rádio, via muita TV e isso foi despertando a vontade de ser jornalista, trabalhar com isso. Fiz faculdade de jornalismo em Bauru e quando me formei, fiz um projeto de final de curso sobre torcidas organizadas, então acabou e fui pedir emprego em São Paulo, quando fui embora pra lá.
Chegando em São Paulo fui procurando emprego e por sorte a ESPN estava começando. Eu fui lá em uma redação que era próxima da Avenida Paulista,uma apresentadora falou ‘ah vou te levar lá na ESPN’. Eu pedi para ficar uma semana na ESPN, mas fiquei um mês, a hora que eu vi eu estava um mês e meio, dois meses e eu já tinha aprendido afazer o trabalho de produção, então eu fui meio que insistente, fui indo e aí quando abriu uma vaga, eles me chamaram e falaram “você já sabe fazer o trabalho, então fica aqui, faz o trabalho por três meses com a gente, depois você procura outra coisa”. Eu fiz os três meses, eles gostaram deste tempo e acabei ficando 17 anos. E aí dos três meses eu fui contratado como produtor, passou mais uns seis fui registrado e tudo que eu aprendi foi na ESPN mesmo, foi com uma das referências que eu tinha, meu chefe da redação que era o José Trajano,outro chefe de reportagem que era o PVC, HelvidioMattos que era outro repórter, Kitty Balieiro, outra repórter e chefe. Então são muitas boas referências. Depois de quatro anos trabalhando ali, eu fui pensando que queria ser repórter, aí eu iniciei um pouquinho em uma rádio de Jundiaí para ver como é que funcionava, fiquei um ano falando de futebol na rádio, paralelo a ESPN nos finais de semana. Eu fui chamado quando teve uma chance para fazer na ESPN um jogo de handebol, eles gostaram, eu acabei passando a para reportagem depois, em 2003.
Em 2003 efetivamente comecei a fazer o que era o meu sonho de infância, porque aí eu fazia os principais jogos, fazia jogo da Seleção, Copa do Mundo na Alemanha em 2006 (o primeiro grande evento), Copa América (cinco vezes), Mundial de Basquete, Copa do Mundo no Brasil, vários jogos da Champions, 10 finais da Libertadores quase na sequência, Copa Africana no Marrocos, Copa Africana na Angola, Copa América na Argentina, Copa América Chile, Copa América aqui no Brasil, Copa América de Basquete na República Dominicana, Porto Rico. Então são experiências que eu fui ganhando e muita coisa bacana aconteceu.
Quando foi 2015 eu saí da ESPN e fui cobrirOlimpíadas pela Band, morei um ano no Rio, voltei para São Paulo e aí eu saí da Band e fui para a Fox,que me fez a proposta para mudar para Belo Horizonte para ser um setorista dos clubes de Minas, eu topei o desafio e mudei para cá. Aí teve uma junção da Fox com a ESPN e assim eu acabei voltando para a ESPN, nessa junção fui recontratado. Então eu voltei para casa, assim quando eu comecei e foi bem legal por ter essa história de ter começado lá.
IN- Pode dizer que é realizado em sua profissão?
Vinicius- Eu acho que eu sou realizado na profissão porque eu consegui fazer todos os eventos que queria. Mas a gente sempre almeja mais, quer mais, tem outros sonhos, objetivos, então eu queria fazer outras copas, olimpíada, mais coberturas, outras finais, porque é para isso que a gente trabalha no dia a dia. Então acho que esse é o desafio, a gente trabalhar para estar nos grandes eventos esportivos e também nas finais, é o objetivo que a gente tem a curto prazo.
IN- Deixe uma mensagem aos itapevenses que acompanham o seu trabalho e tem você como inspiração para não desistir dos seus sonhos.
Vinicius- A mensagem que eu posso dar para os itapevenses é não desistir e fazer por onde, porque a gente também tem que ajudar e fazer por onde acontecer os nossos sonhos, correr atrás mesmo. Écomo eu disse, como eu era moleque, era muito distante eu dizer que eu iria cobrir uma Copa do Mundo, uma Olimpíada, cobrir o dia a dia de um clube grande, estar no topo, trabalhando entre os melhores jornalistas, era muito difícil pensar isso. E acontece de uma forma natural, porque a gente vai trabalhando e fazendo acontecer. Eu acho que essa é a mensagem que eu posso deixar aqui, tudo é possível. Eu saí de Itapeva estudando no Otávio Ferrari, depois fiz uns dois anos do Objetivo e é possível sim, eu estudei em escola pública, fiz faculdade pública, mas a gente tem que correr atrás, tem que ajudar, tem que ler, se interessar, sequalificar e procurar aprender com os melhores, procurar ouvir bons conselhos, porque não é fácil a trajetória quando a gente olha pra trás, então acreditem e não desistam!